terça-feira, 6 de outubro de 2009

Intranet




Entre o que é e o que pode ser.

Quando lançaram o microondas, muita gente ficou desnorteada.
O  troço mais parecia uma televisão, mas cozinhava como um 
forno…. e sem fogo!
Detalhe: ele serve não só para esquentar uma fatia de pizza que 
dormiu na geladeira, mas também para descongelar alimentos 
e até para preparar um almoço completo. Mas você conhece 
alguém que utilize todas estas funcionalidades?
Com as intranets vem acontecendo coisa parecida. Elas podem 
fazer um banquete, mas muita gente usa mesmo para “fazer 
pipoca”. Para piorar, o termo “intranet” pode significar várias 
coisas, aumentando a confusão…

Novas idéias, antigos ideais

Sempre que não temos referenciais claros para algo novo, a 
tendência é enquadrá–lo nos paradigmas pré–existentes. 
Embora seja algo natural, comprovado pela psicologia e pelos 
estudos de comportamento do consumidor, representa uma 
 ameaça à evolução. Portanto, conhecer toda a potencialidade 
do que quer que seja amplia nossas chances de compreensão, 
de aceitação e de progresso.
Vamos começar tentando responder uma pergunta que volta e 
meia fazem: o que é uma intranet, afinal? E um portal corporativo?
Ao invés de ficar detalhando funcionalidades - uma chatice completa… - , 
o melhor caminho me parece ser justamente o comparativo, 
buscando os tais referenciais que todos nós temos dentro da 
cabeça, formando os modelos mentais. 
Em marketing, diríamos que é melhor olhar para os benefícios 
do que para as características.

Intranet = rede?

Se você conversar com um cara de TI especializado em redes, 
ele certamente te dirá que intranet é… uma rede fechada de 
computadores. Coloque dois ou mais micros interligados entre si, 
mesmo sem qualquer programa de compartilhamento, e está formada 
uma intranet - do ponto de vista estrito da área de redes.
Às vezes, já baseadas em uma estrutura web, com um site 
centralizando tudo, as intranets são usadas de forma pontual, 
para apoiar um projeto específico (com começo, meio e fim) 
ou como mera porta de acesso a sistemas desenvolvidos
também pontualmente. Há algo de errado nisso? 
Claro que não ? para cada necessidade, uma solução…
Mas acho que já deu para notar que não é desses tipos de 
intranet que esta coluna trata, não? De qual seria, então?
Dando mais um passo, chegamos na intranet que se 
materializa por intermédio de sites “similares” aos que 
existem na internet, utilizando a rede interna como infovia 
e a tecnologia típica da web. Ou seja: não é mais apenas 
uma rede física, há um “ponto de encontro da informação” 
com carinha de web, mas restrito ao ambiente da corporação. 
E têm, em maior ou menor grau, o objetivo de servir a 
empresa como um todo.

A faca, o pão e o sangue

Já vimos aqui, na série A intranet, de prima pobre a popstar
que a partir  deste ponto é como jazz: há muitas variações 
sobre o mesmo tema.
Portanto, não seria nada demais afirmar que uma intranet 
não é, ela pode ser
 Complicado? Nem tanto. Pense numa faca. O que ela é? 
Se usada para passar manteiga no pão, posso afirmar que 
é um utensílio doméstico. 
Se utilizada para apunhalar alguém, torna–se uma arma 
 mortal. 
Bem diferente, não? 
Pois é aqui que está o interesse da coluna: avaliar as 
variações e tentar mostrar até onde uma intranet/portal 
 corporativo pode ir. Este sempre será um assunto recorrente
 por estas paragens.
Intranets são assim: não raro, refletem o perfil da empresa, 
são uma espécie de simulacro da estrutura e da cultura 
corporativa. Como “cada um é cada um”, cada intranet é uma 
intranet, não existem duas iguais e muito menos receita 
de bolo para o sucesso.
Assim, empresas muito “caretas” (ou seja, ainda muito 
presas ao modelo industrial, onde prevalece o controle, 
a hierarquia e a departamentalização) usam a intranet para… 
controlar! Ou para esquentar a pizza, como queiram. :
Outras, mais arejadas, já começam a incluir produtos, 
serviços e a caminhar em direção a um maior empowerment 
dos funcionários/colaboradores.
“E os portais corporativos?”, você deve estar se perguntando.
 “São ótimos”, eu respondo de pronto. Eles trazem toda a 
potencialidade da TI para as intranets e fazem uma conexão 
mais forte com o negócio da empresa. 
Apoiam processos, realizam controles (sim, controles são 
fundamentais, desde que não sejam uma obsessão) e fazem 
maravilhas. Mas não se engane: quem dita o que uma 
 intranet/portal é ou deixa de ser não é um software melhor 
ou pior, assim como não é a faca que dita sua função, 
mas sim a mão que a segura.
Portanto, pensar em intranets e portais nos levará sempre a 
pensar também em administração de empresas, endomarketing, 
processos, comunicação interna, cultura organizacional, gestão 
do conhecimento e afins. É neste contexto que ela ganha destaque 
e deixa de ser “mais um sisteminha”. Queremos ver até onde os 
microondas podem ir, muito embora seja ótimo poder esquentar 
a pizza e fazer pipoca rapidinho…
Para fugir da confusão que a terminologia pode criar, nada melhor 
do que separar alhos de bugalhos. Aliás, o termo “Portal Corporativo”, 
neste caso,  representa um avanço, já que deixa claro que não 
estamos mais falando de rede física (portais evocam a idéia de 
sites grandes) e nem de algo pontual. 
Mas nem tudo são flores: ao usar o termo “Portal”, novas 
dúvidas aparecem, já que remete ao paradigma dos portais da 
internet, que são bem diferentes. 
O que nos leva de volta ao início: novas idéias, antigos modelos 
mentais…

autor : Ricardo Saldanha ( ricardo.saldanha@intranetportal.com.br 

é consultor e CEO do site Intranet Portal. Especialista em intranets e portais 

corporativos, também mantém o blog Intra 2.0.




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